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O outro barato da cânabis |
sexta-feira, outubro 06, 2006 |
Defensores da maconha mostram aplicações na indústria e medicina
Cláudio Fragata
O Grande Livro da Cannabis Rowan Robinson Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro. (21) 240-0226 136 págs. R$ 29
A Cannabis sativa, nome científico do cânhamo, é bem mais do que um "grande barato". Popularmente conhecida como maconha, a planta é associada ao mundo das drogas e da ilegalidade. Mas há quem se dedique ao estudo do cânhamo como matéria-prima alternativa para a indústria e fonte de aplicações medicinais. Essas pessoas também pesquisam na História registros de quando a erva foi utilizada sem que se constituísse no problema social de agora.
Em O Grande Livro da Cannabis, o ativista norte-americano Rowan Robinson, autor do Manifesto Hemp (em inglês, hemp significa cânhamo), conta que, até ser proscrita como "erva maldita", no início do século 20, a planta foi usada para fazer papel e tecidos. Hoje, existem algumas tentativas de reutilizá-la com essas finalidades. Na Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália, dezenas de lojas comercializam roupas, sapatos, tênis, bonés, xampus e sabonetes produzidos com suas fibras. O maior lapso do livro talvez seja a avaliação superficial dos efeitos da droga sobre o cérebro, em que são desqualificados estudos sobre a substância.
O advogado e ambientalista Rogério Rocco, estudioso do assunto e revisor técnico da obra, escreveu um capítulo adicional sobre a cânabis no Brasil. Sua pesquisa, entre outras curiosidades, mostra a rainha Carlota Joaquina como usuária habitual da erva. Na entrevista abaixo, Rocco conta um pouco da história dessa planta polêmica. Galileu: Como a cânabis chegou ao Brasil?
Rogério Rocco: Chegou com os escravos africanos. Durante um bom tempo, ela esteve associada à cultura dos negros, assim como a capoeira e o candomblé. Algumas expressões que ultrapassaram gerações, como "fumo de Angola", registram uma das origens da planta, que se espalhou pela rota do tráfico negreiro. A partir do contato dos negros com os índios, muitas tribos adotam o seu uso, principalmente os teneteharas, no Maranhão. Até o início do século passado, a cânabis ainda era vinculada a classes sociais marginalizadas, em razão de sua origem. Alguns textos relacionam a cânabis à rebeldia dos negros contra a escravidão, associando essa rebeldia à vagabundagem e à malandragem de quem supostamente não gostava de trabalhar. Claro, eles não gostavam de trabalhar no sistema escravocrata dos brancos. Mas até hoje prevalece a relação da planta com a malandragem.
Galileu: Muita gente vê a maconha apenas como droga. O que você acha disso? Rocco: Acho que as pessoas nunca deixarão de ver a maconha como droga, afinal, de acordo com a classificação oficial, é realmente uma droga, por alterar uma ou mais funções do sistema nervoso central. Como o é também uma aspirina, um antibiótico ou um cigarro comum. Mas há uma tendência de flexibilização dos conceitos e preconceitos com relação à cânabis. O fato é que essa planta tem inúmeras outras utilidades, que são economicamente viáveis e ecologicamente sustentáveis. Vários são os produtos extraídos do caule, das folhas e sementes, tais como remédios, tecidos, óleo comestível, creme para a pele, entre outros. Como o deputado federal Fernando Gabeira diz no livro, ela poderá ocupar um lugar de destaque na economia desse novo milênio, tais são suas possibilidades.
Galileu: Quais são essas possibilidades? Rocco: A cânabis já movimenta várias indústrias norte-americanas, principalmente na produção de tecidos. O clima brasileiro é adequado para o seu cultivo. Se somarmos os derivados comerciais da planta ao seu consumo recreativo, a viabilidade econômica é certa. Acredito que o consumo deve ser legalizado, pois a proibição vem gerando uma violência cada vez maior para toda a sociedade. Com a legalização, essa incidência será muito menor. Algumas matérias-primas altamente consumidas na atualidade, como a celulose, podem ser substituídas pela cânabis. As culturas atuais investem em eucaliptos para isso. Porém, o eucalipto destrói o solo, consumindo água e nutrientes, dificultando o cultivo de outras plantações. A cânabis é uma cultura anual e isso permite um manejo diversificado, sem esgotar o solo.
Galileu: Você não acha um exagero dizer que a solução para o déficit da balança comercial brasileira é a exportação do cânhamo, como diz o livro? Rocco: Não posso afirmar que seja a solução, pois isso remeteria a uma análise conjuntural. Mas estou convicto de que o comércio do cânhamo pode representar uma grande indústria geradora de emprego e renda no campo, ainda mais se envolver a exportação.
Galileu: Existem provas de que Carlota Joaquina era usuária da maconha? Rocco: Anthony Henman e Luiz Mott, no livro Diamba Sarabamba, afirmam que um dos primeiros registros oficiais do uso da cânabis no Brasil ocorreu por volta de 1830, e alude a um membro da corte portuguesa. O livro Escândalos de Carlota Joaquina, de Assis Cintra, revela que a rainha de Portugal sugeriu a seu criado, sentindo que a morte estava para chegar: "Traga-me aquele pacotinho de fibras de Diamba do Amazonas, com que despedi para o inferno tantos inimigos".
Galileu: O uso industrial da cânabis passa pela sua descriminalização? Rocco: Seria preciso descriminalizar algumas condutas, caso fosse definida a legalização da indústria. Mas não há vínculo entre a regularização do uso industrial e a do uso recreativo. Tanto um quanto o outro podem ser implementados isoladamente.
Galileu: Quais as possibilidades medicinais do cânhamo? Rocco: Há diversas aplicações medicinais para a cânabis, como em casos de glaucoma, como sedativo para os efeitos do câncer, para estimular o apetite de portadores do HIV, dentre outras possibilidades. Hoje, ela está proscrita, mas acredito que voltará a ter reconhecimento oficial.
Galileu: Na sua opinião, qual a contribuição de "O Grande Livro da Cannabis"? Rocco: O livro é uma espécie de enciclopédia da planta. Contém informações técnicas e históricas, com muitas curiosidades e revelações. Tudo está bem ilustrado. Enfim, é um registro multidisciplinar da cânabis. |
posted by iSygrun Woelundr @ 11:37 da manhã |
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